domingo, 25 de fevereiro de 2007

UMA PESSOA "IMPORTANTE"...

Esta semana, presenciei uma cena curiosa: num restaurante, o garçom perdeu o equilíbrio e derramou refrigerante na senhora do casal da mesa próxima onde eu estava. Situação constrangedora... O garçom, rapidamente buscou mais guardanapos e um pano limpo, não poupando pedidos de desculpas ao casal e à senhora, maior prejudicada. Infelizmente o senhor, também foi rápido em sua reação, e disse indignado ao garçom algumas frases bastante bruscas. Falou algo mais ou menos assim: "Isso é um absurdo! Como é que você consegue ser tão incompetente?!? Assim, tão desajeitado e burro, você JAMAIS trabalharia para mim! Palavras que o rapaz ouvia quase calado, pois sua voz apenas conseguia repetir os pedidos de desculpas.

O fato chamou a atenção, não apenas pelos gritos do senhor, mas pela situação inusitada: quanto mais o homem vociferava praguejando contra o garçom, a mulher elegantemente tentava aceitar suas desculpas e se desdobrava em conter a reação visivelmente desproporcional do seu acompanhante. O m aitre da casa não custou a aparecer e providenciou a saída do rapaz de cena. Já com certa platéia, imagino que como eu, todos pensaram: agora tudo se acalma, já que o maitre, deve ser preparado para lidar com estas situações... Ilusão (nossa e do maitre), já que o senhor nervos parece ter "crescido" ainda mais... Disse que ainda não havia terminado de falar com o garçom e que era uma pessoa "muito importante"...

O maitre renovava os pedidos de desculpas em nome da casa, afirmou que o casal não precisaria pagar pela conta em função do "tamanho" constrangimento. A mulher estava impaciente, já que fora impedida de aceitar as desculpas do garçom. Estava mais contrariada e constrangida com a postura do seu acompanhante, do que com suas roupas molhadas.

Em poucos minutos, aquele senhor começava a deixar constrangidas, para além da mulher que o acompanhava, várias pessoas no ambiente. Uma pessoa "muito importante"... O Maitre, percebendo-se impotente, faz uma brilhante pergunta: O que podemos fazer para deixar o senhor satisfeito e novamente feliz? Tamanha confusão, a senhora já fazia menção de se levantar, quando ante a esta pergunta e sem uma resposta adequada para surpresa de todos, o cliente fala: NADA!... E pega no braço de sua acompanhante e sai do lugar. Todos, que torciam pelo garçom, pelo maitre e pela casa vibraram com o desfecho.

Por que algumas pessoas insistem em parecer importantes? Mais: por que fazem isso humilhando e ofendendo outras pessoas? No episódio narrado, imagina-se há quanto tempo àquele cliente estava esperando por uma oportunidade de se mostrar "tão importante"...

Além de "importante", ele se mostrou: esnobe, arrogante, mal educado, grosseiro e intransigente, além de altamente desrespeitoso com a senhora e não dando o mínimo para as pessoas que o cercam. Ficaram mais evidenciadas a sua necessidade de auto-afirmação e sua incapacidade de lidar com pequenas questões do dia a dia, fazendo de tudo um problema e brigando com tudo e todos a sua volta, sendo enfim uma pessoa muito contrariada e infeliz.

Não quero me estender, pois tenho certeza de que você já assistiu exemplos como este e que também conheceu pessoas assim. Quero apenas convida-lo a refletir sobre os vários ensinamentos contidos numa cena do cotidiano, perceba: com toda e qualquer pessoa a sua volta (conviva ela com você ou não), o respeito é o único construtor e mantenedor de relacionamentos. Aqueles que respeitam, serão sempre os mais respeitados. Procure ser gentil, educado (a) e elegante, principalmente se contrariado (a). Isso sim é muito importante. Pense nisso e até a próxima.

Antônio Carlos Rodrigues

PARA LER NUM DOMINGO DE CARNAVAL...

Na última sexta feira, fiquei me perguntando se num dia como hoje (domingo), quando muitas pessoas estão de forma geral fora de suas rotinas, se meu artigo seria lido... Por incrível que pareça, pensar em tal situação, fez minha fonte de inspiração fraquejar e demorei muito, pensando no que escrever e acredite, já estamos, eu e você, há algumas linhas de texto juntos e eu ainda não desenvolvi um tema que (como costuma acontecer) escrevo do começo ao fim "quase sem parar para respirar". Enfim...

Falando de atitude, postura e comportamento, já escrevi sobre motivação, liderança, empreendedorismo, entusiasmo, organização, emprego e empregabilidade, comprometimento, vida executiva e corporativa, relacionamentos de uma forma geral... De fato, escrevi sobre muitas coisas e já dividi com meus amigos leitores e leitoras, muitas de minhas inquietações, nesta investigação pessoal que a cada domingo compartilho com o público leitor de OPOVO.

Pois bem, foi nesta hora que me perguntei: O que me motiva a escrever? O que me faz querer expressar minhas idéias para além do espelho? Após mentalizar (mais estes) questionamentos, pensei: Quero melhorar o mundo ! Você pode até pensar que fiquei louco, que, como dizem "pirei o cabeção"... Mas afirmo de forma convicta, antes que você imagine que estou me agarrando a uma utopia... Aliás, não gosto desta palavra, que parece ter sido criada para bloquear e impedir que coisas boas possam ser pensadas como possíveis.

Já parou para pensar que muitas coisas que requerem grande responsabilidade e que dependem essencialmente de nós, temos a incrível mania de transferir para os outros. É verdade! Por exemplo, melhorar o mundo: por que não acreditar termos este poder (e essa responsabilidade), porque sempre acreditamos que este desafio não depende de nós, mas sim de muita gente que esta a nossa volta e em todo este (sofrido) planeta. Vamos ser francos, é mais fácil pensar que é impossível, porque assim não temos que nos esforçar e podemos continuar na nossa zona de acomodação e conforto.

Quer um exemplo (que alguns podem se achar estão cansados de ouvir falar, mas eu não): o caso de João Hélio o menino de seis anos de idade morto de forma estúpida e que tem servido de inspiração para mudanças "urgentes" em nossa legislação criminal, principalmente no que diz respeito aos menores criminosos, pois bem: certas leis que agora são discutidas e rediscutidas às pressas estão há mais de dez anos engavetadas na burocracia, na lentidão e desinteresse dos nossos legisladores. Isso mostra que como seres humanos como somos "oportunistas" e sensíveis apenas ao que é imediato. Posso ter exagerado no exemplo, mas reflita comigo: por que temos que agir apenas após as tragédias acontecerem?

Exatamente por isso, acredito (e detesto admitir) que o desenvolvimento (seja ele individual ou coletivo) parece ser decorrente sempre de certas tragédias pessoais ou da sociedade, que nos estimulam a pensar e agir de forma diferente.

Quando disse melhorar o mundo, não estou tendo devaneios ou complexos megalomaníacos. Estou falando do mundo que me cerca, do mundo que eu posso sentir e tocar, do meu habitat, onde em meu dia a dia, sofro minhas pequenas angústias e preocupações, mas, onde também, com certeza, desfruto das minhas grandes alegrias e imensas satisfações. É deste mundo que falo e acredite se conseguir mudar este pequeno mundo, já me darei por satisfeito, pois, sei que este, eu posso e consigo mudar. E é este convite que faço a você: que tal deixar de acreditar em utopia e crer que pode melhorar o mundo de verdade? Comece pelo seu mundo e verá o quanto somos todos poderosos, descobrindo que as utopias são meramente bloqueios criados a alimentados por nós.

Respeite, ame, sinta, perdoe, brinque, ria, admire, viaje, ouse, role na areia, ande descalço, beije abrace, termine, comece e recomece, mas acima de tudo, se reinvente. O que te motiva? Pense nisso, até a próxima e obrigado por dividir seu tempo comigo!
Antônio Carlos Rodrigues

domingo, 11 de fevereiro de 2007

"QUANDO UM NÃO QUER, DOIS NÃO BRIGAM"

Gosto de prestar atenção na verdade contida por traz dos ditos populares. Para além da sua legitimidade, a sabedoria popular costuma ser boa conselheira e apesar disso poucos prestam atenção ao seu sentido ou à sua significância, muitas vezes, filosófica. Uma dessas máximas que escolhi para refletir com você, caro leitor e leitora é a respeito das brigas e discussões nas quais nos envolvemos em nosso dia a dia e baseado nesta reflexão, afirmo com convicção que muitas destes entreveros e conflitos poderiam ser evitados.

Primeiro é importante estabelecer outra realidade: temos imensa dificuldade de abrir mão de nossas posições e opiniões. Por orgulho, por vaidade (ou pelos dois), insistimos em uma discussão que fácil, fácil, se transforma numa briga que pode levar aos caminhos do confronto e da dissolução nem sempre desejados. Pode ser também por causa de uma outra dificuldade que não é menor: também não conseguimos perdoar facilmente ou pior: em muitos casos perdoamos apenas superficialmente. Explico: nosso esforço para fingir o perdão é maior do que o desejo real de perdoar. Quer uma prova disso? Perdoamos, mas ficamos remoendo o assunto por um tempo imenso na mente, alternando o pensamento entre: "mas como fulano pode fazer isso comigo?" Ou ainda: "perdoei , mas daqui para a frente as coisas serão diferentes". Ou seja, é o perdão com o "pé atrás". Outro exemplo que confirma o falso perdão é que em qualquer pequena briga ou discussão sempre ressuscitamos as faltas anteriores do outro e que já havíamos "perdoado". Sem dúvida, isso dificulta muito as coisas, pois, de forma geral, somos especialistas e temos grande facilidade em reavivar questões mal resolvidas.

Uma briga tem diversas fases e apesar da nossa tendência de querer ir adiante, sempre se existe a opção e a possibilidade de não permitir que se agigante e interromper seu avanço em qualquer dos estágios. Quando uma discussão é iniciada, os dois lados dela, preocupam-se mais em estabelecer suas posições e ao contrário do que seria ideal, firmar sua opinião como verdadeira. Nesse momento, nossa capacidade de ouvir o outro é tremendamente diminuída, pois precisamos convencer nosso oponente de que nós "estamos certos".

Outro ponto curioso é que as culturas vendem a idéia de que em uma discussão, alguém tem que "vencer", fazendo de uma simples conversa uma disputa ou competição acirrada que pressupõe que, se deve haver um perdedor, que seja o outro. Quando um lado esforça-se em impor sua vitória, os dois perdem. "Capicce?".

Nem sempre exercitamos a diplomacia, ou seja: a capacidade de sermos assertivos e mesmo quando contrariados, entender e respeitar o ponto de vista do outro, desenvolvendo nossa argumentação sem com isso ferir o outro. Outra questão comum aos relacionamentos e mais evidente entre os casais é que a intimidade existente entre duas pessoas, acaba por financiar o pouco cuidado que se passa a ter. Pensamos que podemos dizer "qualquer coisa", de qualquer jeito que o outro vai entender. A intimidade deve existir, mas ela não pode fazer desaparecer o respeito necessário à saudável manutenção de todo relacionamento.

Por isso numa discussão:

· Se você tem a razão sobre a questão mantenha a serenidade;
· Se for contrariado, construa a defesa do seu ponto de vista sem agredir o outro;
· Não transforme um debate de idéias numa briga entre pessoas;
· Reflita sobre o motivo da discussão e analise se de fato vale o desgaste;
· Considere rever ou até renunciar ao seu ponto de vista;
· Brinque mais e não seja tão sisudo.
· Viva de forma descontraída;
· Considere transferir a discussão para outra hora e até outro dia;
· Caso seja muito difícil argumentar, pense em parar de falar, pois...
· Acredite: "quando um não quer, dois não brigam". Pense nisso e até a próxima

Antônio Carlos Rodrigues