domingo, 27 de março de 2005

“ESSA METAMORFOSE AMBULANTE”...

Raul Seixas foi muito feliz e criativo quando compôs esta música. Fico imaginando as pessoas e as situações que o inspiraram. Tanto as que estão de acordo com a frase título da música, como as que a contrariam totalmente. As mudanças, queiramos ou não, colaboremos ou não, acontecem em todos os momentos de nossa vida e é nossa opção participar deste processo ou ficar à margem dele.

E acredite: de 1973 para cá, ano em que a música foi gravada, Raul decerto não imaginou a verdade e a força que sua melodia expressaria nos dias atuais. Assistimos as mudanças ocorrerem com cada vez mais intensidade e velocidade, o que faz muitos terem grande dificuldade em acompanhar as transformações que contrariam verdades e opiniões estabelecidas. Esse quadro tem normalmente duas origens: a eterna resistência ao novo e diferente e a paradoxal lentidão em assimilar a rapidez dos fatos.

O Mundo, as instituições, as corporações e o mercado como um todo, assistem e se curvam à imperiosa instantaneidade com que as coisas ocorrem. Mal conseguimos processar as informações recebidas e de repente nos chegam novas diretrizes alterando tudo, mais uma vez.

Por isso mesmo Raul Seixas estava mais do que certo, quando dizia: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante... Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”... Devíamos cantar (aliás, praticar) essa música mais vezes...

Quando nos permitimos tanto mudar, como aceitar as mudanças, não estamos apenas pensando e agindo como “a corrente...” Estamos na verdade (e também) abrindo espaço para o novo. Estamos reciclando idéias, pensamentos e atitudes ao trocar de posição e renunciar a velha e traiçoeira zona acomodação e conforto. Mesmo que isso às vezes signifique correr riscos. Criar alternativas e admitir possibilidades de fato, talvez seja arriscado. No entanto, essa é a melhor escolha, já que a outra posição (ou a mesma) que é o imobilismo e não traz nenhum risco, muito pelo contrário, só traz a certeza de que do começo ao fim estaremos simplesmente iguais.

O preço a pagar por insistir nos posicionamentos é sempre alto. Vale a pena:

- Saber que sempre se pode aprender mais e mais sobre tudo;
- Admitir as possibilidades de se estar errado;
- Pedir desculpas e também desculpar (com freqüência e franqueza de sentimentos);
- Não ferir, nem magoar ninguém em nome da opinião;
- Deixar o orgulho de lado e exercitar a assertividade e a empatia;
- Procurar novas coisas para fazer ou fazer o que já se faz de forma totalmente nova.

Acredite: isso vale a pena! Boas mudanças e até a próxima!

Antônio Carlos Rodrigues

sábado, 19 de março de 2005

CALMOS DEMAIS X APRESSADOS CRÔNICOS

Entre as diversas características que nos definem, considero que duas em especial são bastante marcantes: são elas a velocidade e ritmo. E são marcantes porque transmitem muitas percepções a quem quer que nos observe. Demonstram como um pouco do que somos, pois dentro do nosso dia a dia, o relacionamento e a forma como nos comportamos com pessoas e assuntos, diz muito de nós. Além disso, o fator tempo (precioso que é) consegue em muitos casos ser uma determinante para quase tudo que acontece a nossa volta.

Daí a importância que se deve atribuir ao ritmo e velocidade com as quais lidamos com o universo que nos cerca. Você é uma pessoa calma ou seria mais adequado dizer que é agitada? Qual é a sua velocidade? Pense nas pessoas que conhece e tente atribuir a elas a escala abaixo:

- EXCESSIVAMENTE TRANQÜILO
- MUITO TRANQÜILO
- TRANQÜILO
- NEUTRO
- APRESSADO
- MUITO APRESSADO
- APRESSADO CRÔNICO

Vale lembrar que esta divisão e classificação não são frutos de nenhum estudo com qualquer aprofundamento científico. São apenas elementos que servem ao propósito desta discussão. Mas, voltando ao tema vale considerar que podemos, em momentos e situações diferentes, ocupar esta ou aquela posição na escala acima e é essencialmente nesse ponto que quero focar o debate.

Conheço pessoas que são “excessivamente tranqüilas”. Levam a vida como se vivessem numa redoma, onde nada as atinge ou altera seu ânimo e estado de espírito. E, como todo excesso é de alguma forma prejudicial, essa eterna calma, também tem seu lado ruim. O mundo pode estar desabando e pessoas assim podem custar a perceber o caos a sua volta.

Por outro lado, conheço igualmente pessoas que são “apressados crônicos” com um crítico senso de urgência para tudo. Estão demasiadamente apressados e a todo instante vivem agitados e sob constante pressão. Mesmo que esta “pressão” seja em alguns casos apenas força do hábito. Este comportamento faz tanto mal quanto levar a vida em “câmara lenta”. Pessoas assim escolhem viver sob tensão.

Caso nosso comportamento se situe em um ou outro extremo, tendemos a perder a sensibilidade para ajustar nosso ritmo ao tempo das coisas. E é essa mesma sensibilidade que nos permite acelerar ou desacelerar nas atitudes, ações e reações necessárias.

Curioso é quando duas pessoas, uma muito calma e outra muito apressada precisam uma da outra. O conflito é quase certo, pois ambas tem uma visão diferente quanto às prioridades de cada questão. Para uma o tempo será sempre suficiente e para outra o tempo estará sempre no limite.

O ideal é mantermos uma visão crítica sobre cada situação e circunstância, já que como se viu, não será interessante ou adequado manter o mesmo ritmo sempre. Qualquer que seja a sua velocidade vale considerar que de vez em quando ela necessitará ser ajustada, para que não se corra o risco de impor a pressa e a pressão desnecessárias, ou ainda que manter uma atuação lenta demais, na maioria das vezes destoante em relação às urgências e necessidades.

É claro que escrever ou falar sobre o que é ideal é sempre mais fácil do que viver qualquer situação, mas ainda assim, devemos reconhecer que como tudo, essa também é uma questão de disciplina. Pense nisso (sem pressa) e até a próxima.

Antônio Carlos Rodrigues