domingo, 30 de janeiro de 2005

UMA EFICIÊNCIA IRRITANTE

Como já afirmei algumas vezes neste espaço, os artigos pelos quais mais me entusiasmo escrever, são aqueles que têm como inspiração fatos comuns do nosso dia a dia e que servem de prova do quanto podemos (caso assim queiramos) aprender com eles.

Você já parou para refletir sobre com quantas pessoas mantém contato em seu dia? Do momento que sai de casa, no trajeto para o trabalho, no exercício de suas funções, na ida para a faculdade ou em seu convívio social... São inúmeras as oportunidades que temos de manter contato com as pessoas. Portanto, é de se supor que são igualmente inúmeras as oportunidades de exercitarmos nossa capacidade de lidar com elas, filtrando nosso próprio comportamento.

Percebe-se (seja entre pessoas, empresas e instituições), uma preocupação crescente com o preparo e a capacidade que todos devem ter para lidar com o outro. Vale lembrar que a compreensão do “outro”, muitas vezes passa pela ampliação da compreensão que devemos ter de nós mesmos... Enfim, muito se fala em treinamento, capacitação, melhoria da qualidade. No entanto, dada a frieza com a qual esta necessidade pode estar sendo tratada, muitos correm o risco de se tornarem profissionais apáticos, ao invés de simpáticos, destinando atendimentos totalmente desprovidos de calor humano ou da mínima expressão de interesse.

Pensei em diversos títulos para o artigo de hoje, mas acabei por ficar com o que primeiro me veio a mente: “Uma Eficiência Irritante“ e explico por que:

Estive numa grande loja (pena não poder citar o nome) e ao falar com uma das moças (de uniforme e crachá) que estava circulando, ela respondeu: “Isso não é comigo, o senhor terá que falar com uma vendedora...” Fiquei pensando no que esta moça estava fazendo ali... Pois bem, na seqüência, ao encontrar a “vendedora”, Perguntei se ela poderia me esclarecer algumas dúvidas e para minha surpresa, com um rosto que mais expressava a emoção de uma parede, ela disse “Pois não...”. O que se seguiu, foi uma sucessão de respostas monossilábicas, carentes de maiores explicações e sem nenhum encantamento.

Curioso é pensar que tudo que perguntei, ela respondeu. Ou seja: ela teve uma “eficiência irritante”. Não se esforçou nenhum pouco pelas minhas dúvidas e pelo contrário em uma de minhas argumentações ela devolveu um comentário que quase beirou o deboche, como se eu estivesse desinformado sobre o que tinha acabado de perguntar (e estava, por isso mesmo perguntei).

Apesar de tudo, tinha sempre a sensação de aquela “vendedora” que estava a me atender, era bastante treinada para falar sobre a empresa ou produtos. Apenas esqueceram de dizer a ela que tudo deve estar associado ao interesse pelo cliente, à gentileza que se possa distribuir e ao sorriso que sempre serão bem vindos em qualquer oportunidade.

Enquanto profissionais, devemos sempre manter em alta o lado humano de qualquer relacionamento, sabendo que ele sempre terá pessoas e não apenas assuntos ou coisas a tratar. Enquanto gestores e/ou empresários, devemos perceber como nossos colaboradores e equipes estão lidando com as pessoas que telefonam ou comparecem à nossa empresa. Estimule o lado pessoal dos membros de sua equipe, ressaltando neles a liberdade de poderem expressar melhor suas emoções, para não se tornarem excessivamente robóticos no atendimento.

Por fim, humanize o mais que puder o ambiente de trabalho, criando a interação e estimulando a cooperação entre todos que ali trabalham ou que por ali circulam. Pois, no início ou no final, para as coisas acontecerem, o que conta, será sempre as pessoas. Pense nisso e até a próxima!

Antônio Carlos Rodrigues

domingo, 23 de janeiro de 2005

UM TEMPO PARA VOCÊ

Não sei se acontece com você, mas, o corre-corre de hoje em dia faz com que os dias pareçam sempre mais curtos e quando nos damos conta, vivemos sempre assim, assoberbados de tarefas e compromissos, que consome nossos dias. E assim o tempo segue dia após dia, semana após semana, sem que paremos um pouquinho para pensar em nós mesmos e nas coisas que nos fazem bem.

A bem da verdade dedicamos para nós mesmos, pouco ou quase nada do tempo que vivemos e de que dispomos. Isso não quer dizer que nosso tempo não seja nosso. O que afirmo, é que devido ao dinamismo imposto pelo ritmo de vida de cada um, muitas vezes, ficamos muito aprisionados a pressa e urgência que todos insistem em dizer que existe. Sem exagero, acredito que o senso de urgência é sozinho é responsável por uma série de doenças decorrentes do stress ao qual somos todos submetidos. Isso porque ele é hoje muito mais do que um costume... É uma verdadeira síndrome nociva ao bem estar de qualquer pessoa.


Repare nas pessoas a sua volta, repare em si. Veja como todos tem pressa e o ritmo como tudo se desenvolve. Não quero pregar aqui que devemos viver lentamente (em câmara lenta) e sem muita preocupação. Não... Na verdade, o que afirmo é que muita gente diz que certas coisas são urgentes só por dizer, só para parecer importante. O erro grave nesta história é que quando tudo é urgente, nada mais tem prioridade.

Devemos procurar viver de forma seletiva dosando a nossa paciência e pressa de acordo com cada situação. Devemos ainda ajustar a intensidade e a velocidade da nossa atuação de modo a termos uma dedicação dinâmica e adequada. O contrário é verdadeiro: Procure perceber se não está vivendo em uma rotação muito maior do que a situação exige.

A pressa e a urgência excessiva causam este mal. Acabamos por acordar apressados, tomas café apressados, trabalhar apressados, conversar sempre com pressa... Enfim... Deixamos de prestar à vida o seu próprio ritmo e cadência. Deixamos de perceber as coisas, as pessoas e os momentos, pela nossa pressa de viver. Por isso mesmo precisamos desacelerar, refletir em como estamos vivendo e se necessário ajustar nosso viver.

Nada como dar tempo ao tempo, já que por mais que corramos, ele nunca representará um período diferente de 24 horas por dia. Por mais que queiramos, nada será solucionada especificamente pela nossa presaa. Aliás, pelo contrário, ela pode até atrapalhar, fazendo com que nossas decisões possam ser inadequadas ou pouco refletidas.

Não é nada mal:

· Ouvirmos mais o que as pessoas têm a nos dizer;
· Fazermos as coisas com mais prudência e quase sempre isso pede calma;
· Evitar sempre que possível se contaminar facilmente com as urgências alheias;
· Sentir mais lentamente e (com mais calma) tudo que acontece a sua volta;
· Viver cada momento de forma mais intensa e prazerosa;
· Envolver-se em cada questão (pequena ou grande) com as energias necessárias para resolve-las;
· Observar cada detalhe de tudo (Informações preciosas podem ser perdidas pela pressa);
· Ler bons livros ou revistas que te faça bem;
· Andar, correr e enfim praticar esportes dedicando um tempo a sua saúde;

A maioria das dicas acima, não custam dinheiro e mesmo assim, deixamos de faze-las porque pensamos não ter tempo. Essas dicas não garantem que vivamos imunes à pressa, mas aplicadas em conjunto, dão uma direção mais tranqüila e amena para nosso modo de viver.

Pense nisso e até a próxima!

Antônio Carlos Rodrigues

domingo, 2 de janeiro de 2005

A IMPORTÂNCIA DE DISCORDAR

Eu discordo, tu discordas, ele discorda, nós discordamos, vós discordais, eles discordam... Muito mais do que a mera conjugação de um verbo de ação, o ato de discordar sempre teve, tem e terá grande influência direta e indireta em nossas vidas e em nosso dia a dia, seja individual ou coletivamente e explico: São as discordâncias que fazem com que as pessoas entrem em debate e discussão, originando a necessidade de se encontrar um ponto comum que atenda aos anseios das duas partes. Ou no mínimo da parte com maior poder de argumentação e convencimento.

O ato de discordar pode ser saudável ou não. Tudo depende da qualidade tanto da concordância, quanto da discordância. Isso que dizer que se por um lado, nem sempre podemos concordar com tudo, por outro, é certo que não podemos discordar de tudo. Corremos o risco de ser omissos e pouco participar das coisas que acontecem a nossa volta ou de ser implicantes e não concordar com nada, não permitindo que as coisas simplesmente “fluam”.

Quando discordamos de alguém, de alguma situação ou circunstância é importante termos em mente de forma clara e inequívoca a causa desta discordância. Ela deve estar fundamentada em argumentos que sustentem e dêem sentido ao ato de discordar. Tão importante quanto discordar é saber o que nos motiva a pensar diferente e destoante do outro. Mesmo quando a decisão, escolha ou opção apresentada é a melhor alternativa é comum que alguém discorde apenas por implicância desta pessoa, com aquela que apresentou a idéia. Ou seja, uma discordância que tende a ser apenas pessoal e sem sentido. Neste caso, todos perdem e as decisões demoram a ser tomadas, ou acabam sendo contrárias ao que seria melhor para a maioria.

Mesmo assim, concordo plenamente com o sábio escritor e por que não dizer filósofo Nelson Rodrigues quando declarou: “Toda unanimidade é burra”. Afinal, num ambiente onde todos concordam, poucos crescem e aprendem e ninguém se desenvolve. Por isso mesmo, a discordância tem essa face positiva: a de ser o fio condutor de pessoas e das coletividades ao que deva ser o melhor para elas. Tente imagina um mundo apenas de concordância... Difícil, não é mesmo? Isso porque discordar e questionar está em nossa cultura, está em nosso comportamento.

Por isso reflita em como têm sido as suas concordâncias e discordâncias. Tente ser mais responsável quando disser: “Eu concordo” ou “Eu discordo”. Afinal, destas afirmações, podem decorrer fatos que definem muito mais que meramente seu ponto de vista. Analise inclusive, quando vale mais a pena concordar do que discordar, apenas pra fazer valer seu ponto de vista a qualquer custo. Já vi pessoas discutirem de forma acalorada e até nervosa por questões tão sem sentido, quanto à insistência em “fincar o pé” o seu ponto de vista por orgulho ou vaidade de poder afirmar para si próprio (e para o outro) que estava com a razão. Em situações assim pense comigo: Quem ganha de fato?

Enfim, pense em discordar das coisas que não quer e não aceita para si. Pense em mudar as coisas à sua volta primeiro discordando de como elas estão. Quem saber assim, você não começa A construir desde já um 2005 melhor e mais produtivo. Não esqueça de se manter com o espírito altivo, agradecendo até mesmo suas pequenas conquistas. Pense nisso, e TENHA UM FELIZ ANO NOVO!

Antônio Carlos Rodrigues